Apenas queria aproveitar o espaço aqui pra contar e dividir com vocês um pouco de como foi a apresentação do Matsuri Daiko em Garibaldi – RS, no último dia 19 e 20 de outubro.

Foram poucas pessoas, 6 pessoas no total, uma pessoa de cada filial de São Paulo (Carlos Glaujor, Edu Higa, Tsu Kato, Fabio Yogi e Rumi Sugano) mais eu de responsável. Pra quem não sabe, Garibaldi é uma cidade de aproximadamente 30 mil habitantes, no interior do estado do Rio Grande do Sul, bem desenvolvida e conhecida por ser a “terra do champanhe” no Brasil. Praticamente sem colônia ou descendentes nipônicos. Na verdade, algo comum à toda região sul do País, exceção do estado do Paraná – como muitos já sabem. Outro ponto importante, é que fomos contratados pela Fundação Japão, sediada aqui em São Paulo, intermediada pelo Consulado Japonês de Porto Alegre. E é por toda essa união de fatores que será muito difícil haver uma outra oportunidade de apresentação por lá, acredito eu, mas não impossível!

Foram três apresentações para um público predominantemente leigo em termos de cultura japonesa. Nem por isso, deixamos a apresentação ser das mais simples – mostramos uma boa variedade do nosso repertório (Kamigami No Uta e Awase, além das mais básicas de Tachiutushi, Miruku Munari a Shishi Gongon, Kaze), houve transições de palco e conseguimos tocar tanto taiko quanto shime em duas das apresentações. Fomos muito bem aplaudidos e elogiados por todos, inclusive pelo Sr. Cônsul de Porto Alegre. Um ponto que vale lembrar, é que fizemos alguns minutos de discurso para o público apresentando o grupo: quem somos, o que fazemos, da onde somos, além de agradecimentos e muito mais. Dividimos a tarefa eu e o Tsu (více-líder da Casa Verde) que se saiu muito bem, por sinal! Esses discuros foram muito importantes, tanto para o perfil do público quanto para ganhar um tempinho de apresentação. O legal também é que só assim – nos testando – é que sabemos aquilo que precisamos aprender mais (por exemplo, deu pra notar que o Tsu, assim como eu até um tempo atrás, ainda precisa aprender um pouquinho mais pra falar sobre a origem do eisa para o público).

Outro ponto legal, e que vale à pena citar, é uma impressão mais pessoal. Havia tempos que eu não ia a uma apresentação e escutava tantos elogios como aqueles. Mas calma! Não estou querendo dizer que nossas apresentações aqui tem sido ruins e não estamos mais sendo elogiados como antes!

Entendam que, na verdade, isso se deu muito em razão do público com o qual estávamos lidando. E tudo isso me fez recordar da época em que o grupo engatinhava, até antes de ser oficializado o Matsuri Daiko no Brasil. Antes de 2003 não haviam grupos de Soran, antes de 2004 também ainda não existiam tantos grupos de wadaiko, ao passo que cosplays e Matsuris eram coisas muito diferentes do que temos hoje – muita coisa mudou conforme os anos foram se aproximando do centenário da imigração japonesa, em 2008. O grupo que começou como Urasaki Sensei Taiko foi pioneiro em se apresentar como grupo cultural rigorosamente formado por jovens em muitos lugares e cidades. Só pra vocês terem uma noção melhor, apresentações que temos anualmente como Tanabata de Ribeirão Preto e o Festival Do Japão começaram antes dos anos 2000.

Eu tive a oportunidade de acompanhar isso meio de longe, afinal de contas eu era mesmo uma criança bem nova naquela época apesar de ter tido tempo de participar de uma ou outra coisa que me permite dividir isso aqui com vocês. Alguns senpais do grupo certamente tiveram muito mais experiências e sabem muito melhor do que eu estou falando. Mas, vale dizer, são bem poucos atualmente.

Bem, minha intenção era tentar compartilhar isso com todos. Uma vez que são extremos de gerações mas são coisas que não devem ser esquecidas, já que o pessoal que entra agora carrega a responsabilidade construída pelo grupo ao longo dos anos, conscientemente ou não. E também é responsabilidade dos integrantes mais antigos passar as coisas para o pessoal mais novo, do contrário, o destino certo das coisas será o esquecimento. Por outro lado, gostaria de ver o despertar de interesse em alguém mais novo de ir perguntar e tentar descobrir mais coisas sobre o grupo, ao mesmo passo que deixasse alguém com mais experiência motivado a contar, ou então, se motivar a procurar alguma apresentação, como essa de Garibaldi, pra resgatar certas experiências passadas, só que com pessoas diferentes.

Bem, é isso!